Quando eu era pequenino as pessoas não guardavam o seu dinheiro nos bancos. Escondiam-no nos colchões e em buracos, nos currais das vacas e dos porcos.
Os meus avós nunca tiveram contas nos bancos. O avô Mateus tinha uma carteira de couro, onde guardava o dinheiro que emprestava aos filhos, para comprar terras, quando havia uma oportunidade de negócio.
O meu pai e o meu tio Joaquim tinham carteiras iguais, mas mais pequenas.
Lembro de o meu pai, que era um pequeno lavrador, ter sido assediado, durante dias e dias para depositar as suas poupanças no Banco Borges e Irmão, em Cantanhede.
Resistiu durante dois invernos, a conselho do meu avô, que sempre lhe criticou a leviandade de depositar o dinheiro no banco.
Com a sua sabedoria, o meu avô Mateus sabia que o dinheiro que se deposita no banco deixa de ser nosso, passando a ser do próprio banco, que apenas fica obrigado a entregar-nos a mesma quantidade, no fim do prazo estipulado, ou à vista.
Tudo isto se passou há uns 50 anos. E continua a haver muita gente convencida de que o dinheiro que se deposita nos bancos é dos depositantes, o que constitui uma pura mentira.
Quando depositamos o dinheiro no banco ele deixa de ser nosso. Por isso me parece que, neste tempo controverso e inseguro, o que é prudente é guardar o dinheiro em espécie, algures, num lugar seguro.
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