quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Contributo para a reforma do Estado

Num tempo em que tudo indica que vão acabar com as reformas, até pensam em reformar o Estado, talvez para depois o tratarem como um velho e o mandarem para o caixote do lixo da História.
Perguntarão uns, então, quando já não houver pedra sobre pedra e os invejosos tiverem retirado os rails separadores das auto-estradas, os chineses tiverem levado o cobre, para derreter e os alemães tiverem transformado o mar da Palha numa mini Somália, de todos os seus detritos:
- O que é feito do Estado?
- Reformou-se...
A reforma do Estado é, a um tempo, umas ilusão para os que acreditam no futuro e uma refinada vigarice para os que apostam, essencialmente, no presente.
Não está em causa a boa está e criteriosa gestão dos recursos públicos, quando estes são usados para satisfazer interesses privados, no mesmo país em que são lançadas para o lixo duas empresas por dia. O Estado mata essas empresas e ajuda a enterrá-las; mas injeta biliões nos bancos e nos negócios dos que têm proximidade com a mesa do poder.
A mais recente manifestação de pouca vergonha está numa notícia que nos diz que o governo vai gastar 830 milhões de euros em propaganda de apartamentos que estão embarracados, porque ninguém os compra.
Quem é que se dispõe a comprar apartamentos na Etiópia, mesmo que as águas do Índico  sejam mais quentes do que as que banham a costa portuguesa?
Deixem o Estado reformar-se mas não roubem mais os cidadãos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Les maquereaux

Se esta canalha que nos governa fosse minimamente honesta concluiria que não produz nada e que, por isso mesmo, nada deveria receber do Estado. O Orçamento de Estado, que é alimentado pelos pelos impostos, deveria servir para pagar a quem trabalha: os professores, os médicos, os juizes, os polícias. Os cargos políticos - todos somos políticos - deveriam ser ocupados em regime de voluntariado.

O horror da economia

Não reconheço a economia como ciência.
Tenho alguns economistas entre os meus amigos. Os que são honestos e consideram a economia como uma ciência falharam todos nos seus negócios e estão falidos. Ainda hoje emprestadei 200 € a um, que está na miséria.
Gostei de ouvir o professor da Faculdade de Economia de Lisboa, um tal Machado, que nunca tinha visto antes na TV, a dizer que a compra de pareceres pelos governos a técnicos que estejam ligados a instituições internacionais tem a ver com a credibilidade que, alegadamente, é maior do que a dos técnicos do governo, mesmo que os autores dos estudos não tenham qualquer currículo.
Luís Nazaré, outro prestigiado economista, que já passou por várias empresas em falência técnica, disse que o país paga 500 mil milhões pela gestão do programa de ajustamento, o que é, obviamente, um disparate, mais do que o dobro do PIB.
Tudo isto me parece muito bom para os astrólogos, que ganham margem de manobra por relação aos economistas.
Não me admirará se o Prof. Karamba for contratado por Passos Coelho ou se a Maia for solicitada a colaborar com o PS pelo António José Seguro.
Se não estivesse tanto frio, iria hoje às putas, numa homenagem à honestidade. 
Vou desligar a televisão e por um filme... Ou ouvir um apóstolo de uma das igrejas que pregam a estas horas.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Quando eu era pequenino...

Quando eu era pequenino as pessoas não guardavam o seu dinheiro nos bancos. Escondiam-no nos colchões e em buracos, nos currais das vacas e dos porcos.
Os meus avós nunca tiveram contas nos bancos. O avô Mateus tinha uma carteira de couro, onde guardava o dinheiro que emprestava aos filhos, para comprar terras, quando havia uma oportunidade de negócio.
O meu pai e o meu tio Joaquim tinham carteiras iguais, mas mais pequenas.
Lembro de o meu pai, que era um pequeno lavrador, ter sido assediado, durante dias e dias para depositar as suas poupanças no Banco Borges e Irmão, em Cantanhede.
Resistiu durante dois invernos, a conselho do meu avô, que sempre lhe criticou a leviandade de depositar o dinheiro no banco.
Com a sua sabedoria, o meu avô Mateus sabia que o dinheiro que se deposita no banco deixa de ser nosso, passando a ser do próprio banco, que apenas fica obrigado a entregar-nos a mesma quantidade, no fim do prazo estipulado, ou à vista.
Tudo isto se passou há uns 50 anos. E continua a haver muita gente convencida de que o dinheiro que se deposita nos bancos é dos depositantes, o que constitui uma pura mentira.
Quando depositamos o dinheiro no banco ele deixa de ser nosso. Por isso me parece que, neste tempo controverso e inseguro, o que é prudente é guardar o dinheiro em espécie, algures, num lugar seguro.

O democracia relatorial

Os relatórios são muito mais importantes do que os cidadãos. Para os políticos que tomaram conta do meu país os cidadãos, os eleitores, que cometeram a sublime loucura de os levar ao poder, não passam de uns merdas, cujo voto não vale nada nem merece nenhum respeito.
Só assim se compreende o aplauso de algumas figuras de proa da situação, em aplauso a um relatório elaborado por um grupo de rapazes que trabalham para o Fundo Monetário Internacional, no qual se defende o contrário do que foi sustentado em todos os programas eleitorais apresentados nas últimas eleições,
É a lógica de democracia relatorial, uma alternativa dos nossos tempos à ditadura, ele même, a quem já alguém chamou democracia ditatorial.
Foi com métodos deste tipo que a Etiópia do Sr. Selassié - que agora dirige a delegação do FMI em Portugal - se transformou num estado pária, apesar de ser uma das mais velhas nações do Mundo.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Poupar moedas

O secretário de estado Carlos Moedas veio a público elogiar um relatório do FMI em que se sustenta a redução da despesa pública, por via da redução dos salários dos funcionários.
Quando o estado era uma pessoa de bem, os funcionários tinham as suas carreiras garantidas, pelo que se afigura chocante a simples ameaça da redução dos salários.
Se há onde é possível poupar é nos políticos.
Ser político não pode ser havido como profissão e não deve aceitar-se como prostituição. 
Sendo necessário reduzir a despesa, era por aí mesmo que deveria começar-se: cortando cerce as remunerações dos  políticos e substituindo-os por quem se disponha a exercer funções políticas de forma gratuita.
No limite, não deveria nenhum deles ganhar mais do que o salário mínimo, porque o que é considerado suficiente para a sobrevivência de um operário não deve ser também considerado suficiente para a sobrevivência do presidente da república ou do primeiro-ministro que, mesmo assim, haveria de ter outras avenças, pelo simples exercício do cargo.
E se não tiverem... que vão trabalhar.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O pecado de ter casa própria

Ter casa própria passou a ser uma espécie de pecado em Portugal, depois de dezenas de anos em que o próprio estado ajudou as famílias a construir os seus refúgios.
Alguns comentaristas da televisão vão ao ponto de dizer, de forma aberta e ousada, que o que deveria ter sido feito era criar um mercado do arrendamento.
Os bancos poderiam ter financiado os patos-bravos que construíram as casas e assumido a função coletivista de grande senhorio, diretamente, sem terem que andar agora a despejar as pessoas que, porque ficaram desempregadas, deixaram de pagar as prestações.
Já lá vai o tempo em que a maior ambição dos banqueiros consistia em vender talheres com banhos de prata ou bules imitando a louça de Xangai.