Uma das expressões mais vibrantes neste tempo conturbado é, para rimar, a do "mal parado".
Não se trata, obviamente, de uma problema de estacionamento em local proibido pelos códigos ou pelos regulamentos.
O "mal parado" é qualquer coisa que não parou no lugar certo, mas parou, seguramente, nalgum lugar que ninguém sabe bem onde foi.
Temos ainda hoje, em Lisboa, o "senhor roubado", ali para as bandas da Calçada de Carriche.
Se tivesse acontecido agora o que aconteceu às hóstias da igreja de Odivelas na noite de 10 para 11 de maio de1671, chamar-se-ia ao sítio onde foram encontradas as ditas, numa silveira onde se ergueu um padrão, o sítio do "senhor mal parado".
É bem possível que o sítio do "senhor roubado" só tenha ganho esse nome porque, segundo a santa inquisição, que roubou as hóstias foi um miserável, um tal António Ferreira, que vivia sozinho e na miséria.
Claro que, mediante competente tortura, o homem, que foi apanhado a roubar umas galinhas, confessou que também roubou as hóstias.
Foi executado por garrote em 23 de novembro de 1671, fez agora 341 anos.
Os miseráveis continuam a ser garrotados, como se fossem culpados de tudo, enquanto os poltrões põem todas as culpas nos "mal parados".
Com tanta corrupção e compadrio por parte dos nossos governantes, coitados dos que roubam galinhas. Esses pagam é que pagam as favas, enquanto os outros vivem livremente e sem qualquer culpa.
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